3 de setembro de 2017

Propósito e felicidade: um casamento difícil

Talisson dos Santos Ribeiro

A ideia de vida com propósito está quase que totalmente atrelada à atividade profissional que se exerce, pois somos aquilo fazemos. Busca-se a realização de tal propósito a todo custo, pois se acredita que assim encontrar-se-á a felicidade, que implica em enxergar-se e reconhecer-se naquilo que se faz ao mesmo tempo em que se obtêm recursos que satisfaçam necessidades, ambições e desejos. Entretanto, conciliar propósito de vida e felicidade constitui-se em uma “missão quase impossível”, uma espécie de privilégio que poucos detêm.

A sociedade do espetáculo em que se vive atualmente seduz a todo o momento. A geração atual é ensinada a estudar na melhor instituição de ensino, a ter o melhor emprego, a dirigir o melhor carro, a vestir as melhores roupas, a encontrar o amor de sua vida e construir o relacionamento perfeito. Muitos compram esse ideal de felicidade e perdem-se de si mesmos, esquecem-se de seu propósito próprio (se é que algum dia o encontraram ou preocuparam-se em encontrar). Não sabem quem são ou o que fazem e por que fazem o que fazem. Não conseguem encontrar um propósito próprio, pois se dedicam em alcançar um padrão de felicidade que pregam, insistentemente, ser o mais pleno, desejado e satisfatório.

Assim, submetem-se a empregos que odeiam, desgastam sua saúde despendendo tempo (o bem mais valioso de que se pode dispor) em tarefas laborais estressantes que não trazem reconhecimento e autor realização. Rompem laços afetivos e não se importam em trocar tudo isso por uma quantia de dinheiro depositada em suas contas bancárias no fim de cada mês e pelos likes que irão receber exibindo seu falso estado de felicidade em seus perfis nas redes sociais; seja exibindo um bem altamente cobiçado recém-adquirido ou postando uma selfie naquele ponto turístico deslumbrante em determinada parte do globo.

É preciso dedicar mais tempo ao autoconhecimento íntimo e pessoal para que se possa encontrar um propósito próprio e nele construir um ideal de felicidade igualmente próprio e empenhar-se em alcançá-lo. E, mais importante, entender que ser feliz, ao contrário do que se prega no mundo atualmente, trata-se primordialmente de ser e não de estar.

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