10 de abril de 2017

Resenha: “O retrato de Dorian Gray” de Oscar Wilde

Bruno Figueiredo


O livro começa com a presença de dois dos três personagens principais do livro: Basil Hallward, o pintor e Lorde Henry “Harry” Wotton, um aristocrata, ególatra e extremamente racional; ambos conversam no ateliê de Basil até que o terceiro personagem e protagonista é apresentado: Dorian Gray, um jovem aristocrata conhecido pelo seu bom gosto e, acima de tudo, pela sua beleza.
Basil pinta um quadro de Dorian Gray, por isso a presença em seu ateliê; Dorian é retratado doce, ingênuo e incorruptível. Ele é apresentado para Lorde Henry mediante ao pedido deste, fato que, inicialmente imperceptível, impactará drasticamente o futuro de Dorian Gray.
A pintura do retrato de Dorian fora terminado de pintar, os três deslumbram o quadro de Basil por tamanha beleza e realeza, tanto que é denominado por Basil Hallward a sua obra prima; diz que não foi apenas suas pinceladas que ficaram na tela, mas sim uma parte dele.
Ainda encantando-se com a pintura e dissertando sobre ela, Dorian profere a emblemática frase como uma súplica: “Como é triste! Eu vou ficar velho e horrendo e medonho. Ele jamais envelhecerá além deste dia de junho... Se pudesse ser diferente! Se eu permanecesse sempre jovem e o retrato envelhecesse! Por isso – por isso – eu daria tudo! Sim, não há nada em todo o mundo que eu não daria! Daria minha alma por isso!”.
Em outro dia, após algumas conversas no ateliê de Basil, Dorian e Lorde Henry marcam para jantar e assistirem a uma ópera. Tal ópera em que Lorde Henry falha com seu compromisso e Dorian a assiste sozinho, presenciando pela primeira vez a atuação de Sibyl Vane, uma atriz por quem Dorian se encanta. Estes fazem a recíproca ser verdadeira após encontrá-la e beijá-la em seu camarote após a apresentação.
Depois da recorrência de suas visitas às apresentações de Sibyl, Dorian ou como Sybil Vane o chama: Príncipe Encantado; ele a pede em casamento e é aceito por ela. Eles convidam Lorde Henry para assistir a sua próxima ópera como forma de apresentá-los. Do mesmo modo Sibyl comunica o casamento a sua mãe e seu irmão, que jura acabar com a vida de Dorian caso faça qualquer mal a sua irmã.
Em uma noite foram ao teatro assisti-la Dorian, Basil e Lorde Henry, a expectativa era enorme; no começo da apresentação todos estavam com o sorriso estampado e as palmas ardiam no teatro; após Sibyl começar a recitar Julieta – a peça encenada era “Romeu e Julieta” de Shakespeare, W. – o caos foi instaurado, a voz de Sibyl era forçada, com qualidade medíocre, longe de qualquer parâmetro e elogio que Dorian Gray havia usado para descrevê-la, “estava amarga, fria e com uma interpretação insensível”.
Ao final da terrível apresentação, Dorian corre ao camarote de Sibyl achando que ela estivesse doente ou algo do tipo, mas o que ouve acaba completamente com a sua descrita “paixão pelas personagens de Sibyl Vane”: ela afirmou que descobriu o que era o verdadeiro amor, por isso não conseguiria mais encenar ou estipular emoções. Isso acabou com o encanto de Dorian por ela, que disse que nunca mais queria vê-la.
Ao chegar a sua casa sente-se indiferente pelo fim da paixão por Sibyl Vane e por arruinar seus sentimentos, mas ao olhar a pintura de seu retrato feito por Brasil Hallward, percebe uma estranha acentuação na boca que passava um ar de crueldade, mesmo sutil, era realmente perceptível a alteração na fisionomia.
No dia seguinte Dorian prefere inicialmente ficar isolado e, acima de tudo, tirar o quadro da vista de qualquer um que pudesse descobri-lo, portanto o esconde atrás de um biombo em seu quarto; Ignora as cartas recebidas no dia, entre elas uma carta de Lorde Henry, que aparece ao entardecer na casa de Dorian e explica o conteúdo da carta: Sibyl Vane está morta.
Após falarem sobre o assunto e Dorian Gray contar o ocorrido da noite anterior, ele profere a seguinte frase: “Eu assassinei Sibyl Vane”. Dorian chegou a tal conclusão pela morte de Sibyl ter sido um suicídio; ela estava sozinha em seu camarote e foi encontrada morta com o que acreditam serem cápsulas de ácido prússico que a mataram quase que instantaneamente. Mesmo comovido, Dorian, após um momento sozinho de autorreflexão, sente-se com seu estado de espírito trivial retomado e aceita o convite para uma ópera para distraí-lo no dia seguinte com Lorde Henry.
Após algumas conversas com Lorde Henry e Basil, Dorian percebe que realmente suas emoções parecem indiferentes: “Não quero estar à mercê das minhas emoções. Quero usá-las, aproveitá-las e dominá-las.”.
Em uma visita à casa de Dorian Gray, Basil Hallward pede para ver a pintura, que não estava à mostra aos convidados, com a intenção de expô-la em uma convenção de arte. Ambos os pedidos são negados por Dorian por querer esconder o segredo do retrato e a sua fisionomia de todo o mundo, inclusive do próprio pintor da obra.
Dorian, após sentir a necessidade real que seu segredo fosse escondido de tudo e de todos, pede para mudarem a pintura, envolvida por um pano, para uma sala escondida em sua mansão onde seria esquecida.
Um livro, “The St. James” apresentado por Lorde Henry muda ainda mais a perspectiva de Dorian sobre a vida, sua curiosidade e a sua corrupção.
Dorian viveu anos a fio conhecendo novas culturas e segmentos da vida antes inexplorados por ele, tanto do ponto de vista da vivência quanto do ponto de vista de que a priori não tinha capacidade psicológica para passar por tais fatos; fora subvertido.
Após muitos anos, Basil vai ao encontro de Dorian Gray em sua casa, Basil quer saber se as histórias de Dorian como “mau, corrupto e vergonhoso” são realmente verdades. Após as insistências de Basil, Dorian finalmente o leva para ver a pintura do quarto escondido de sua casa. Basil finalmente vê o retrato de Dorian e fica pasmo ao ver tamanho ar de desprezo, asco e repugnância no rosto da pintura, sente algo, como se toda a maldade do mundo ecoasse em sua fisionomia, embora seu rosto carnal continuasse jovem e belo.
Dorian culpa Basil por ter acabado com sua vida, por separar sua alma de seu corpo e, então, em um golpe de fúria arma-se com uma faca e o assassina com três golpes, deixando-o sentado em uma cadeira no andar solitário junto ao quadro, assim vira-se e vai embora do andar com quaisquer indiferenças sobre o ocorrido.
No dia seguinte, Dorian contata o amigo, Alan Campbell, um cientista, com o intuito de assim exterminar o corpo de Basil Hallward e as provas do crime com a ajuda de ácido nítrico, após um conjunto de insistência e chantagem a proposta é aceita por Campbell que faz o trabalho, mesmo horrorizado com tal feito, posteriormente isso o leva a cometer suicídio.
Pensativo e com algum sintoma de peso na consciência, Dorian resolve procurar um antro de ópio para poder passar um tempo sozinho e espairecer: “Queria fugir de si mesmo”, então vai para o cais e assim entra em um bar.
No bar, Dorian é acompanhado por duas mulheres velhas e um marinheiro, e é reconhecido por seu antigo apelido: Príncipe Encantado. O tal marinheiro era irmão de Sibyl Vane, James Vane, que queria cumprir sua palavra de acabar com a vida de quem fizesse mal a sua irmã – o que Dorian fez. James parte à caça de Dorian Gray, que só é interrompida quando percebe que corria atrás de um homem que tinha uma beleza jovial no rosto, um moço de aproximadamente 19 anos de idade, fato que não condizia com a idade que Dorian teria àquela altura, Sibyl havia morrido há anos atrás.
Após o acontecido, Dorian fica com medo de que possa ser morto a qualquer instante pelo jovem marinheiro, começa a ficar paranoico ao lembrar-se de Sibyl e todos os acontecimentos corrompidos de seu passado; tal sentimento é reforçado após a morte de James Vane com um tiro perdido em uma tentativa de acabar com a vida de Dorian que se traumatiza ferozmente com o acontecido, reflete que a corrupção e a morte o perseguiam.
Em uma noite Dorian tem um momento de reflexão sobre todo o caos que ele e suas atitudes causaram, então resolve “assassinar sua alma”; Dorian manuseia a mesma faca com que assassinou Basil Hallward e então golpeia o quadro. São ouvidos gritos e estrondos vindos do quarto.
Após entrarem no quarto para ver o que acontecera, encontraram pendurado na parede um retrato esplêndido de Dorian como era originalmente desde a pintura de Basil – jovial e belo – e, no chão, viram um homem de aparência repugnante, enrugado, usando um traje de gala. O corpo foi reconhecido apenas por conta de seus anéis: ali jazia o verdadeiro e decrépito Dorian Gray.