3 de setembro de 2018

Quem desconhece o que conhece?


Jorge Aoki

De autoria do renomado e já falecido escritor português José Saramago (José de Souza Saramago), O Conto da Ilha Desconhecida foi lançado em 1997 em Portugal pela editora Assírio & Alvim, e logo em seguida no Brasil pela Editora das Letras. É um livro pequeno, de rápida leitura e fácil compreensão. Este conto traz a história de um homem que queria um barco para viajar e procurar por uma Ilha Desconhecida. Fugindo dos traços habituais do escritor, a história toda passa-se de forma bastante dinâmica, e porque não dizer, fluída como a mente humana. Aliás, a história toda é contada em formato de fábula, fazendo alusão aos tempos das grandes navegações e descobertas, reinos com governantes preguiçosos e uma ótica muito bem-humorada sobre a saga do homem que queria um barco.
Acredito que todo o conto faça uma grande analogia com o nosso íntimo mais profundo. Ler O Conto da Ilha Desconhecida fez com que eu navegasse por mares que há muito tempo não visitava. Alusivamente, me reencontrei mais jovem quando eu também queria um barco. Busquei por vários e vários reinos, esperei e “bati o pé” até que eu pudesse ter um barco para ir atrás da minha Ilha Desconhecida. Capitães e Marinheiros riram e debocharam de mim quando eu expunha minha vontade de me lançar ao mar e buscar tal Ilha. Recebi um barco um dia e também levei (quase a contragosto) uma tripulante para o meu barco. Dentro desse barco vi todos os meus sonhos e pesadelos evanescerem e renascerem. Minha tripulante passou pela porta das decisões e decidiu invadir o meu barco. E lá ela se instalou. Limpou a casa, arrumou tudo e ainda me ajudou a dar direção à viagem, afinal, mesmo conhecendo muito bem esse barco, nem sempre eu fui um piloto habilidoso, e por muitas vezes tive uma auxiliar imediata ao meu lado. Esse companheirismo transcendeu oceanos e ilhas, conhecidas, desconhecidas, desejadas e as vezes um pouco indesejadas... E tudo isso poderia acabar como em um típico romance japonês, aqueles do tipo em que todo mundo morre no final, ou como num best seller adolescente e tudo terminar num “feliz para sempre”. Porém, que não foi isso que eu decidi quando passei pela minha porta das decisões. Minha história, assim como a de todos que conhecerem O Conto da Ilha Desconhecida, se funde à história do livro, se confunde em muitos aspectos e termina em uma grande reflexão.
O universo criado ali por José Saramago é mais do que um simples conto juvenil como classificam as livrarias. É muito mais do que isso. É um conto apaixonante, inebriante e reflexivo. Por este motivo eu afirmo todos os dias: Eu encontrei a minha Ilha Desconhecida e Eu continuo a procura-la todos os dias.






Dedicado a minha esposa
Te amo Encrenca da Minha Vida!