Jorge Aoki
De autoria do renomado e
já falecido escritor português José Saramago (José de Souza Saramago), O Conto
da Ilha Desconhecida foi lançado em 1997 em Portugal pela editora Assírio &
Alvim, e logo em seguida no Brasil pela Editora das Letras. É um livro pequeno,
de rápida leitura e fácil compreensão. Este conto traz a história de um homem
que queria um barco para viajar e procurar por uma Ilha Desconhecida. Fugindo
dos traços habituais do escritor, a história toda passa-se de forma bastante
dinâmica, e porque não dizer, fluída como a mente humana. Aliás, a história toda
é contada em formato de fábula, fazendo alusão aos tempos das grandes
navegações e descobertas, reinos com governantes preguiçosos e uma ótica muito
bem-humorada sobre a saga do homem que queria um barco.
Acredito que todo o
conto faça uma grande analogia com o nosso íntimo mais profundo. Ler O Conto da
Ilha Desconhecida fez com que eu navegasse por mares que há muito tempo não
visitava. Alusivamente, me reencontrei mais jovem quando eu também queria um
barco. Busquei por vários e vários reinos, esperei e “bati o pé” até que eu
pudesse ter um barco para ir atrás da minha Ilha Desconhecida. Capitães e
Marinheiros riram e debocharam de mim quando eu expunha minha vontade de me
lançar ao mar e buscar tal Ilha. Recebi um barco um dia e também levei (quase a
contragosto) uma tripulante para o meu barco. Dentro desse barco vi todos os
meus sonhos e pesadelos evanescerem e renascerem. Minha tripulante passou pela
porta das decisões e decidiu invadir o meu barco. E lá ela se instalou. Limpou
a casa, arrumou tudo e ainda me ajudou a dar direção à viagem, afinal, mesmo
conhecendo muito bem esse barco, nem sempre eu fui um piloto habilidoso, e por
muitas vezes tive uma auxiliar imediata ao meu lado. Esse companheirismo
transcendeu oceanos e ilhas, conhecidas, desconhecidas, desejadas e as vezes um
pouco indesejadas... E tudo isso poderia acabar como em um típico romance
japonês, aqueles do tipo em que todo mundo morre no final, ou como num best
seller adolescente e tudo terminar num “feliz para sempre”. Porém, que não foi
isso que eu decidi quando passei pela minha porta das decisões. Minha história,
assim como a de todos que conhecerem O Conto da Ilha Desconhecida, se funde à
história do livro, se confunde em muitos aspectos e termina em uma grande
reflexão.
O universo criado ali
por José Saramago é mais do que um simples conto juvenil como classificam as
livrarias. É muito mais do que isso. É um conto apaixonante, inebriante e
reflexivo. Por este motivo eu afirmo todos os dias: Eu encontrei a minha Ilha
Desconhecida e Eu continuo a procura-la todos os dias.
Dedicado a minha
esposa
Te amo Encrenca
da Minha Vida!