Bruno Carnevalli
Nos dias de hoje, a violência vem
alcançando patamares assustadores e ganhando cada vez mais espaço nos
noticiários, desde pequenas cidades até em grandes metrópoles como São
Paulo. Mas será que a justiça com as próprias mãos seria a maneira correta para
ampararmos? Segundo pesquisas, ocorrem quatro linchamentos – ou tentativas de –
por dia no Brasil; cerca de um milhão de brasileiros participaram de atos desse
tipo nos últimos 60 anos. Somos um dos países onde mais acontecem linchamentos
no mundo.
É até compreensível que a população
reaja das mais diversas formas na tentativa de se proteger. Entretanto, linchamento
é a maneira mais errada de se fazer justiça, é a volta à “Barbárie”. Embora o
estado possua algumas falhas, é seu dever julgar e autuar os culpados; se
queremos tal justiça, devemos lutar pelas melhorias no sistema. Linchamento é uma
decisão precipitada e, quando feito isso, independentemente da razão, nos
tornamos criminosos também.
Fabiane Maria de Jesus é a maior
prova de que estamos regredindo de maneira lastimável. É inadmissível a
situação à qual ela foi submetida: com 33 anos e 2 filhos para “criar”, foi
linchada por centenas de pessoas no subúrbio de uma cidade litorânea após ser
confundida com uma criminosa, pelo fato de ter oferecido uma fruta a uma
criança. Isso desencadeou um processo de fúria em redes sociais, na qual
internautas confundiram Fabiane com uma suposta sequestradora que estaria
utilizando crianças para realizar rituais de magia negra.
Concluímos que, com a justiça com as
próprias mãos, estamos ascendendo à Barbárie, pessoas inocentes tornando-se
criminosos por terem tomado más decisões. Não devemos tomar o lugar das
autoridades e, mesmo que o Estado seja falho, devemos agir em conjunto para que
com isso possamos corrigir erros. É indispensável que a população fiscalize e
reivindique dos governantes melhorias na área da segurança pública e no sistema
judiciário. Acrescem às medidas a necessidade de os usuários das redes sociais
certificarem as informações que são compartilhadas, evitando assim os
linchamentos. É
inadmissível que a sociedade retroceda e considere como normais as barbáries
que são cometidas por aqueles que procuram agir conforme as suas próprias leis.