6 de setembro de 2017

Gerações Organizadas Por Lotes

    Vitor Trindade

   As interações sociais, conflitos ideológicos e choques materiais, escrevem a história e moldam a sociedade, fragmentando-a e dando início a novas formas de organizações. Tal conceito, identificado como Materialismo Histórico-Dialético, proposto por Karl Marx, faz-se presente nas alterações dos modos de produção. Essas alterações levaram, gradativamente, ao surgimento do capitalismo, sistema baseado em acúmulo de capital e privatização das propriedades. Esta privatização fez com que o trabalhador perdesse o domínio sobre os meios de produção (MARX, 1867) tendo que, portanto, vender a sua força de trabalho. A mecanização desta levou à alienação do trabalhador, não se reconhecendo no bem produzido/serviço prestado.

    Em Por Que Fazemos o Que Fazemos? (Mário S. Cortella, 2016), especificamente no capítulo 2, o autor retoma a ideia de alienação e acrescenta que a mecanização do trabalho – introduzida no Taylorismo/Fordismo - ocasiona perda de autenticidade, o que é fatal para as empresas no contexto econômico contemporâneo. Infelizmente, essa robotização do trabalho tem impactos mais graves em outros âmbitos, a longo prazo.

    Segundo o educador Paulo Freire, “Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda” (FREIRE, 2000). Tendo isto em vista, nota-se a origem e os efeitos agravantes da alienação, fruto do conhecimento especializado. Este conhecimento professado em larga escala pelas faculdades, formam profissionais bem treinados e preparados para ingressarem no mercado de trabalho, mas não para romper as barreiras deste. Desta forma, a cada turma de formandos, mais se perpetua o ciclo de alienação. Se faz necessária, então, uma reformulação no sistema de ensino atual, a fim de aumentar as faculdades mentais dos estudantes, tornando-os capazes de promoverem criações próprias, aumentando o autoconhecimento na atividade exercida, ao invés de agregarem à roda de alienação e peças descartáveis.

    A pergunta que leva o título da obra de Cortella é essencial para que se note que a resposta desta está além de buscar segurança e adquirir bens. A mecanização do trabalhador, no período atual, não diz respeito ao exercer de tarefas manuais repetitivas, e sim no nivelamento, padronização e fim pré-determinado das capacidades intelectuais em produção vertical, colocando no mercado, ao fim de cada semestre, peças perfeitamente encaixáveis nos moldes atuais, sem apresentar riscos ao sistema.

Síntese – Livro: Porque fazemos o que fazemos?

Nayara Pontes e Mateus Freitas

A obra de Cortella apresenta observações sobre dilemas do cotidiano, que envolvem a nossa vida pessoal e profissional e que estão a nossa volta por todo o momento, sendo que muitas vezes nem percebemos.

Um dos pontos que chamam a atenção e que vale destacar é a questão da monotonia, pois ela é um estado em que chegamos quando entramos no automatismo e desligamos a nossa capacidade de raciocinar. O autor demonstra isto dizendo que a monotonia é quando fazemos algo sem prestar atenção, quando fazemos uma atividade sem perceber se está correta ou não.

Podemos exemplificar isso com uma pessoa que vai para o trabalho todos os dias de metrô e que obviamente sabe a estação correta de descer e quanto tempo levará para chegar, se caso não houver imprevistos. Como faz o mesmo trajeto todos os dias, então não prestará atenção em todas as estações que passar, só quando o destino estiver próximo. Porém, se caso esta pessoa for à casa de um amigo e seguir um trajeto que nunca fez antes, provavelmente ela irá prestar atenção em cada estação que passar, pois estará se certificando de que realmente está fazendo o caminho certo.

Outro ponto importante destacado no livro, é sobre o sonho pessoal que é citado no capítulo “Futuros e Pretéritos”, no qual é discutido sobre os sonhos que as pessoas idealizam, mas que sempre deixam para futuro, como a famosa fala “um dia irei fazer o que gosto”. Com o cotidiano monótono, as pessoas vivem o dia a dia com a esperança de realizar os seus desejos futuramente, mas em muitos casos isto se torna uma utopia, pois não levam em consideração todo o esforço necessário para alcançá-los.

De maneira geral, o livro nos traz reflexões de assuntos comuns, mas que muitas vezes não paramos para pensar sobre. Provoca o nosso pensamento fazendo com que pensemos em nossas atividades atuais e o que seremos e futuramente, traz um modo diferente e interessante se de pensar.

A Nova Alienação

Letícia França da Cruz

A alienação do trabalho é um tema que continua presente em nossa sociedade. Desde a Revolução Industrial, com o início da era das máquinas, os trabalhadores começaram a se familiarizar com funções repetidas e perderam a capacidade de perceber a finalidade de suas tarefas. 

No século atual, mesmo com o avanço tecnológico, muitas pessoas ainda exercem funções “robóticas” e não sabem a razão pela qual as estão exercendo. O hábito de sempre fazer a mesma coisa, sem questionamento leva o individuo a alienação e, consequentemente, a desmotivação.

Segundo o filósofo Mario Sérgio Cortella – “Porque fazemos o que fazemos”, a falta de liberdade do indivíduo em relação à escolha do que fazer é oriunda da má distribuição do trabalho, onde muitos são sobrecarregados com excesso de tarefas enquanto uma minoria possui liberdade para mudar sua rotina, pois não são prisioneiros de suas necessidades.

Apesar da melhoria nas condições trabalhistas em comparação com os séculos passados, muitos indivíduos ainda não enxergam um propósito no que exercem e não se reconhecem em suas funções. Isso gera insatisfação e um exército de pessoas reféns de suas necessidades, que realizam tarefas apenas para sobreviver.

O reconhecimento e a satisfação no que se faz é algo primordial para a satisfação humana. Ninguém atinge a plenitude com um emprego infeliz, onde não enxerga a si mesmo e onde não se motiva. Seria muito simples dizer que cada qual é responsável pela sua própria felicidade ou pela sua auto realização, mas o fato é que muitas pessoas por estarem “algemadas” às suas necessidades, não possuem o poder de escolher o que fazer com o próprio tempo.

Esgotados de não viver

Luccas M. Scarponi

Quem vive em grandes metrópoles mundiais sabe: 24h é muito pouco para um dia. Família, trabalho, amigos, afazeres, muitas vezes temos que "abrir mão" de certas coisas importantes, em detrimento de outras, mais importantes.

A falta de equilíbrio entre as tarefas familiares e profissionais tem criado uma geração de pessoas depressivas e insatisfeitas com suas vidas. O número de indivíduos depressivos tem aumentado vertiginosamente e especialistas afirmam que até a próxima década a depressão será uma das maiores causas de mortes evitáveis.

Diante desse preocupante cenário, fica ainda mais evidente a necessidade de buscarmos equilíbrio em nossas vidas e de, principalmente, trabalharmos com atividades que nos satisfaçam e que façam sentido.

Segundo uma pesquisa feita pelo ISMA Brasil, em 2014, 72% dos Brasileiros se sentem insatisfeitos com seus trabalhos, esse quadro nos põe a refletir o que temos que mudar para que essa insatisfação comece a diminuir, a fim de termos pessoas mais felizes e mais produtivas em seus trabalhos. Essa mudança impactaria positivamente a sociedade e as empresas.

O que faremos ainda não se sabe, o fato é que está na hora de desacelerar o ritmo das grandes metrópoles e começarmos a pensar em alternativas que tragam benefícios aos funcionários, à sociedade e às empresas.