6 de maio de 2016

Dados, Informações e a Era Digital

O século XXI é marcado por um período onde a informação representa um dos grandes fatores responsáveis pelas mudanças que ocorrem mundo. Este período é permeado por contínuas transformações tecnológicas que refletem na dinâmica social, na produção de bens pela Utilidade Comum e até mesmo na estruturação do próprio espaço geográfico.
A informação é construída por dados prévios, simples e independentes, muitas vezes gerados digitalmente pela imersão do indivíduo na internet; indivíduo este que se torna cada dia mais dependente dos recursos tecnológicos. Os devidos dados dão origem à informação, uma organização seguida pelo agrupamento realizado de acordo com uma área específica, contendo informações particulares de relevância e propósito.
Perante este contexto, para que o Homem tenha uma boa desenvoltura diante do mundo, a Era da Informação exige que o mesmo saiba lidar com a atual dinâmica social, além de compreender com profundidade os conteúdos e as relações que o envolvem a partir dos rápidos avanços tecnológicos iniciados após a década de 1980, reestruturados e constantemente alterados de uma forma altamente dinâmica desde então.
O mundo passa por um ciclo de renovação das ideias, ações e pensamentos. Estas mudanças foram previstas pelo sociólogo polonês Zygmunt Bauman, que através da análise das consequências na cultura e na sociedade moralista com o crescimento do capitalismo, desenvolveu sua teoria de Mundo Liquido, apontando que as estruturas básicas do mundo permanecem, mas as suas relações e as devidas importâncias são constantemente alteradas.
A particularidade desta era é a ampliação exponencial da capacidade em relação à produção de dados e de informações. O sucesso está em lapidar estes dois elementos a fim de criar formas de conhecimento.
Existe um lago de dados que é alimentado diariamente pelas informações digitais produzidas por muitas pessoas, em todos os lugares do mundo. Um dos grandes desafios é desenvolver tecnologicamente maneiras concretas para armazenar e processar a quantidade de dados gerados diariamente, construindo o conhecimento, informações edificadas através da reflexão, apresentando contextualização.
De acordo com Bauman, o crescimento do capitalismo altera as relações existentes no mundo. O fato do indivíduo se tornar cada dia mais dependente dos recursos tecnológicos é reflexo de uma nova fase do capitalismo, a exemplo da Revolução Industrial, que alterou as relações socioeconômicas, levando ao fortalecimento deste sistema econômico. A Revolução Tecnológica alterou a sociedade, modernizando-a diariamente, levando o Homem para um mundo mais simples, onde muitos problemas têm solução a partir da tecnologia.
Por este motivo, é comum o aumento da utilização de sensores e dispositivos inteligentes, que fornecem dados e se somam aos dados gerados pelos aplicativos, popularizados graças ao surgimento dos smartphones a partir de 2006. Ainda existem os dados produzidos pelas redes sociais, alguns deles de imenso valor para as empresas que desejam conhecer a opinião de seus clientes. Tudo que é feito no dia a dia gera um vestígio digital que poderá ser eventualmente analisado.
Mas a existência desta quantidade crescente de dados e dos vestígios digitais pouco importam do ponto de vista prático caso não venham ser armazenadas e processadas. Mais do que isso, sem visão clara, uma estratégia nítida do que fazer com os dados, os mesmos vão gerar informações que não poderão ser transformadas em conhecimento.
Este é o conceito de Big Data, tão presente na Era Digital. Lembrando que esta só será uma ferramenta de vantagem e conhecimento caso haja uma estratégia bem definida para a sua utilização. Para que os dados sejam realmente úteis, é essencial saber quais dados serão necessários, e qual a melhor forma de processá-los.
A atual conjuntura é apenas o início, entretanto ao analisar o progresso tecnológico mundial dos últimos anos, é inevitável concluir que Big Data ira amadurecer juntamente com as suas respectivas ferramentas e técnicas de análise de dados, sendo este um recurso que será trivial e de suma importância para a manutenção e regulamentação da sociedade.
O importante é sair do conceito errôneo de que todos os dados são importantes e aceitar que a verdadeira importância está apenas com os dados relevantes, capazes de gerar conhecimento, e não meramente números.
Where is the knowledge we have lost in information? (Onde está o conhecimento que perdemos na informação?) – (Choruses from the Rock, 1934. T. S. Eliot).

Gabriel Ribeiro
2º Ciclo Noturno Ciência da Computação

1º Semestre 2016 – FEI-SBC  

Reflexões para um Perplexo – I

Perplexo. Definição do dicionário: (adjetivo), espantado, admirado, atônito. Destas três definições a que melhor se põe para os dias de hoje é, com certeza, a terceira. Pelo menos para mim é. Sou com certeza, um perplexo diante dos acontecimentos atuais. Para sair deste estado, a reflexão é o melhor caminho.
Pois bem, quero trazer alguns pontos para reflexão. Digo para reflexão, pois o que se segue são observações e ideias. Observações devem ser conhecidas. Ideias devem ser debatidas. Convido você para um debate destas ideias: comigo e principalmente com seus pares (familiares, amigos e colegas de trabalho).
O primeiro ponto diz respeito aos acontecimentos políticos que estão nos colhendo como uma verdadeira avalanche. Somos bombardeados diuturnamente com notícias sobre a crise política que assola o país e nos dá as consequências (algumas delas nefastas) que vemos.
Vou me ater a um ponto que considero importante, com uma pergunta: qual a causa de tudo isto? Pois é claro que não foi uma invenção do diabo! Sem dúvida há pessoas corruptas. Mas temos que pensar que desvios desta natureza não são exceção, infelizmente (pense sobre isto, profundamente).
O que quero chamar à sua atenção é uma das causas estruturais. O regime político brasileiro na esfera federal é presidencialista, ou seja, elege-se um presidente, que é o chefe do poder Executivo. Pois bem, na estrutura do chamado mundo democrático, o estrato governante de uma nação divide-se em três poderes autônomos: o Executivo, o Legislativo e o Judiciário (claro que você já sabe de tudo isto, mas é sempre bom lembrar!)
O poder Legislativo incumbe-se de regulamentar as diretrizes para o executivo na forma de leis e peças normativas às quais o executivo deve submissão. Pois bem, para poder colocar em execução um plano de governo (seja ele qual for) O Executivo necessita da aprovação do legislativo. É ai que começam os males: há necessidade de convencimento do Legislativo por parte do Executivo para aprovação destes planos.
Num ambiente ideal, o debate de ideias deveria conduzir esta negociação. Entretanto não é o que se observa (se acompanharmos o processo, coisa que raramente fazemos!). Há uma verdadeira barganha: troca de favores, nomeações para ministérios, autarquias, etc.
OK e daí? Qual o problema estrutural de que você falou? Perguntaria você. Pois bem, vou responder (e aí exponho minha ideia para debate): o nosso sistema eleitoral. Ele mistura as eleições majoritárias com as proporcionais. As majoritárias são as de presidente, governadores e prefeitos. As proporcionais são para os deputados federais, estaduais e vereadores.
No processo eleitoral misturado, o foco nas campanhas é para os cargos majoritários. Pouca ou nenhuma atenção se dá às teses dos candidatos a deputados e vereadores. O clima comum é de se escolher alguém para votar nesses cargos por indicação de amigos e conhecidos, busca nas listas de um partido e, o que é pior, nomes que se destacam em outras atividades e ingressam na vida política!
Pois é! Este é um dos problemas, pois elegemos um poder, veja bem, um poder! O legislativo sem critério. E ele afetará toda a vida da nação com suas ações! Precisamos pensar nisso.
Minha ideia para isto é começarmos por propor uma mudança no sistema eleitoral separando as eleições majoritárias das proporcionais. Não é uma tarefa fácil, mas precisamos começar. O começo pode ser a discussão no seu âmbito: o familiar, o de trabalho e círculo de amizades. Este processo, a discussão, é muito saudável, pois novas ideias podem surgir. Mas o principal produto é a politização: precisamos discutir, ter opinião, deixar de sermos o gado conduzido!
Discuta!


Texto por Newton Libanio Ferreira

John Nash

Ao ouvir ou ler esse nome, você pode perguntar quem é esse cara? O que ele fez? Pois bem, vou tentar responder essas perguntas e ao mesmo tempo mostrar uma lei maravilhosa que está por detrás de tudo isso.
Vou começar respondendo quem ele é, ou foi, pois infelizmente ele morreu recentemente juntamente com sua mulher num acidente automobilístico. Sua vida foi retratada num filme recente chamado “Uma Mente Brilhante”. John Nash foi um matemático estadunidense que, no final dos anos 1940 entrou na universidade de Princeton. Lá aos 21 anos de idade desenvolveu a Teoria dos Jogos não-Cooperativos, que depois ficou conhecida nos meios da Economia como o “Equilíbrio de Nash”. Por esse trabalho John Nash ganhou o Prêmio Nobel de Economia.
Vamos explicar do que se trata, pois, sua descoberta transcende a economia: no filme, há uma passagem onde Nash, jovem estudante de Princeton vai a um baile (hoje seria uma balada!). Lá observava a “paquera”, onde uma jovem loira muito bonita era cobiçada. Nash observou a cena e formulou a sua teoria. Um de seus colegas, provocou que quem ganharia a loira seria o melhor competidor, o mais eficiente e desta maneira os outros poderiam aprender como fazer para uma próxima oportunidade. Apoiava-se na teoria de Adam Smith do século 19: “A ambição individual serve ao bem comum! ” Esta é a base do liberalismo econômico que ainda hoje é dominante na sociedade.
Nash não aceitava isto pois considerava que um princípio de 150 anos deveria ser revisto. Pensou da seguinte maneira: Se todos optassem por tentar a loira, nenhum conseguiria, pois haveria um bloqueio mútuo pela competição (os outros sempre tentariam sabotar o pretendente). Após o fracasso, os que tentassem outras mulheres também não se dariam bem, pois as outras saberiam que são a segunda opção e não se sentiriam confortáveis nesta posição e desdenhariam dos pretendentes. Assim todos perdem! Agora se houver uma abordagem sem preferência várias mulheres serão “ganhas”. O resultado é coletivo: o grupo ganha! (é necessário dizer que isto se passou nos anos 1950, onde a sociedade era essencialmente machista, e as mulheres eram alvos de conquistas por parte dos jovens moçoilos!).
 Nash conseguiu demostrar esta tese matematicamente. Matematicamente! Formulou um teorema e o demonstrou! A implicação disto é fundamental: a demonstração mostra que a tese de Nash é uma lei da natureza! Ao contrário das teses econômicas liberais (e de resto conservadoras).
Na verdade, todos nós sabemos disto intuitivamente: quando temos um problema para resolver, a melhor solução vem da cooperação, da contribuição de todos em prol do bem comum. Pois é! De agora em diante, quando você estiver diante de uma situação destas pense na Lei de Nash: A cooperação é a melhor maneira de resolver o problema! Matematicamente provado!


Texto produzido por Newton Libanio Ferreira