24 de abril de 2017

Orgulho e preponderância na administração

Bruno Feitosa Figueiredo


Santo Agostinho em um dos seus pensamentos sobre orgulho o compara à arrogância e à certeza de individualismo, citando um intitulado “senhor” descrito em uma de suas obras: “sois o único senhor verdadeiro, o único que não tem senhor”, ou seja, impondo que não precisa de qualquer auxílio; pensamento orgulhoso esse que, atualmente, é repugnado por conta da natural limitação individual na administração e gestão moderna.

O orgulho é o pior dos pecados, já dizia Santo Agostinho: “O orgulho é a fonte de todas as fraquezas, porque é a fonte de todos os vícios”; reflita sobre a inúmera quantidade de corporações ultrapassadas, ou até falidas, por conta de não procurarem ajuda externa, ou orgulho de autosobressalência individual de cada um de seus mandatários individualistas.

A atual gestão de pessoas na administração demanda atitudes conflitantes com a antiga gestão empresarial que se resumia a apenas uma pessoa, em razão do lucro, sobressair-se diante de quaisquer ocasiões; hoje, a interatividade e o auxílio recíproco são pontos fulcrais para o desenvolvimento de qualquer corporação e personalidade que queria destacar-se no mercado.

Um conflito nunca é bem vindo, principalmente em um ambiente com grande histórico predatório como o ambiente corporativo; citando um versículo bíblico: “Deem e será dado a vocês: uma boa medida, calcada, sacudida e transbordante será dada a vocês. Pois à medida que usarem também será usado para medir vocês." (Lucas 6:38), enquadrando-se no argumento da reciprocidade de atos já citado.

Ponto esse que foi explicitamente estudado e reiterado por Peter Drucker, pai da administração moderna: a comunicação entre áreas e respeito entre subordinados e subordinantes; fazendo com que houvesse um autogerenciamento e determinação continua entre seus colaboradores, sendo esse tido por muitos como um dos grandes dogmas para a empresa perfeita, longe de qualquer princípio de soberania, autocracia ou libertinagem de licença poética exercida na corporação.

19 de abril de 2017

A rede do vício social

Vitor Trindade


A terceira revolução industrial – informacional – por meio da internet trouxe consigo o começo de uma nova era. Dessa maneira, as noções de distância e tempo foram completamente reduzidas, assim este último pode ser mais bem aproveitado. No entanto, seu uso indevido e compulsivo nos faz reféns das interações sociais e de nosso próprio ego.
As redes sociais – que têm como papel aproximar as pessoas – moldam o padrão de vida atual. A necessidade de estar constantemente conectado nos priva das relações sociais reais, diminuindo o contato no ciclo familiar e também gerando um distanciamento das pessoas que de fato estão a nossa volta. Logo, os ciclos de amizades virtuais se tornam cruciais e importantes, dignos de nosso tempo e atenção sem que haja um contato ou aproximação, caracterizando-se, portanto, em um ciclo social sintético.
Diante disto, vemos uma crescente valorização do reconhecimento online, onde esse está diretamente ligado à sensação de prazer e prestígio, fazendo com que, de forma irracional, busquemos cada vez mais visibilidade nas redes sociais ao ponto de expor até mesmo questões pessoais numa busca incansável por aceitação. Isto reflete imediatamente no proveito do tempo, que não se faz presente, visto que é usado em relações fracas e prazeres momentâneos, deixando de aproveitar os benefícios propiciados pela Era da Informação.
Apesar da drástica redução da distância e do tempo, essas se tornam maiores entre os indivíduos que valorizam mais o virtual do que o real e estes acabam por serem escassos, devido ao mau uso da internet como meio para fortalecimento do ego e não para busca de conhecimento e informações.

17 de abril de 2017

A influência da tecnologia a partir do século XXI

Nayara Pontes


Todos nós que passamos pela transição do século XX para o século XXI, percebemos nitidamente a progressão dos avanços tecnológicos e o quanto esses afetaram nossa vida pessoal e profissional. Não há como negar que a sociedade adquiriu muito mais facilidades e ganho de tempo com a tecnologia, pois facilitou muito na busca de informações e, consequentemente, se tornou um meio muito mais eficiente e dinâmico para a maioria das atividades no cotidiano.
Entretanto, cada vez mais surge uma dependência a tal ponto que a presença do ser humano começa a ser substituída por aparelhos eletrônicos. De acordo com as observações da psicoterapeuta Maura de Albanesi, o uso indiscriminado sem se preocupar com os vícios de comportamento que a tecnologia pode oferecer é prejudicial e traz alguns pontos negativos, como por exemplo: sensação de solidão, perda de tempo sem perceber, aumento de conversas paralelas, estímulo à inveja e o aumento da timidez.
Ela argumenta que é importante avaliar quais são os reais benefícios que a tecnologia nos oferece, até que ponto ela pode nos fazer bem e aponta que devemos provocar questionamentos internos para repararmos quais são os nossos sentimentos em relação à nossa vida dentro das redes.
Levando em consideração estes aspectos, é notável que os avanços vieram de maneira incontrolável para a sociedade e cabe à esta estabelecer o controle para haver uma harmonia entre o homem e às inovações que vêm surgindo a cada ano, sem causar defasagens nos comportamentos e formação individual de cada um.

10 de abril de 2017

Resenha: “O retrato de Dorian Gray” de Oscar Wilde

Bruno Figueiredo


O livro começa com a presença de dois dos três personagens principais do livro: Basil Hallward, o pintor e Lorde Henry “Harry” Wotton, um aristocrata, ególatra e extremamente racional; ambos conversam no ateliê de Basil até que o terceiro personagem e protagonista é apresentado: Dorian Gray, um jovem aristocrata conhecido pelo seu bom gosto e, acima de tudo, pela sua beleza.
Basil pinta um quadro de Dorian Gray, por isso a presença em seu ateliê; Dorian é retratado doce, ingênuo e incorruptível. Ele é apresentado para Lorde Henry mediante ao pedido deste, fato que, inicialmente imperceptível, impactará drasticamente o futuro de Dorian Gray.
A pintura do retrato de Dorian fora terminado de pintar, os três deslumbram o quadro de Basil por tamanha beleza e realeza, tanto que é denominado por Basil Hallward a sua obra prima; diz que não foi apenas suas pinceladas que ficaram na tela, mas sim uma parte dele.
Ainda encantando-se com a pintura e dissertando sobre ela, Dorian profere a emblemática frase como uma súplica: “Como é triste! Eu vou ficar velho e horrendo e medonho. Ele jamais envelhecerá além deste dia de junho... Se pudesse ser diferente! Se eu permanecesse sempre jovem e o retrato envelhecesse! Por isso – por isso – eu daria tudo! Sim, não há nada em todo o mundo que eu não daria! Daria minha alma por isso!”.
Em outro dia, após algumas conversas no ateliê de Basil, Dorian e Lorde Henry marcam para jantar e assistirem a uma ópera. Tal ópera em que Lorde Henry falha com seu compromisso e Dorian a assiste sozinho, presenciando pela primeira vez a atuação de Sibyl Vane, uma atriz por quem Dorian se encanta. Estes fazem a recíproca ser verdadeira após encontrá-la e beijá-la em seu camarote após a apresentação.
Depois da recorrência de suas visitas às apresentações de Sibyl, Dorian ou como Sybil Vane o chama: Príncipe Encantado; ele a pede em casamento e é aceito por ela. Eles convidam Lorde Henry para assistir a sua próxima ópera como forma de apresentá-los. Do mesmo modo Sibyl comunica o casamento a sua mãe e seu irmão, que jura acabar com a vida de Dorian caso faça qualquer mal a sua irmã.
Em uma noite foram ao teatro assisti-la Dorian, Basil e Lorde Henry, a expectativa era enorme; no começo da apresentação todos estavam com o sorriso estampado e as palmas ardiam no teatro; após Sibyl começar a recitar Julieta – a peça encenada era “Romeu e Julieta” de Shakespeare, W. – o caos foi instaurado, a voz de Sibyl era forçada, com qualidade medíocre, longe de qualquer parâmetro e elogio que Dorian Gray havia usado para descrevê-la, “estava amarga, fria e com uma interpretação insensível”.
Ao final da terrível apresentação, Dorian corre ao camarote de Sibyl achando que ela estivesse doente ou algo do tipo, mas o que ouve acaba completamente com a sua descrita “paixão pelas personagens de Sibyl Vane”: ela afirmou que descobriu o que era o verdadeiro amor, por isso não conseguiria mais encenar ou estipular emoções. Isso acabou com o encanto de Dorian por ela, que disse que nunca mais queria vê-la.
Ao chegar a sua casa sente-se indiferente pelo fim da paixão por Sibyl Vane e por arruinar seus sentimentos, mas ao olhar a pintura de seu retrato feito por Brasil Hallward, percebe uma estranha acentuação na boca que passava um ar de crueldade, mesmo sutil, era realmente perceptível a alteração na fisionomia.
No dia seguinte Dorian prefere inicialmente ficar isolado e, acima de tudo, tirar o quadro da vista de qualquer um que pudesse descobri-lo, portanto o esconde atrás de um biombo em seu quarto; Ignora as cartas recebidas no dia, entre elas uma carta de Lorde Henry, que aparece ao entardecer na casa de Dorian e explica o conteúdo da carta: Sibyl Vane está morta.
Após falarem sobre o assunto e Dorian Gray contar o ocorrido da noite anterior, ele profere a seguinte frase: “Eu assassinei Sibyl Vane”. Dorian chegou a tal conclusão pela morte de Sibyl ter sido um suicídio; ela estava sozinha em seu camarote e foi encontrada morta com o que acreditam serem cápsulas de ácido prússico que a mataram quase que instantaneamente. Mesmo comovido, Dorian, após um momento sozinho de autorreflexão, sente-se com seu estado de espírito trivial retomado e aceita o convite para uma ópera para distraí-lo no dia seguinte com Lorde Henry.
Após algumas conversas com Lorde Henry e Basil, Dorian percebe que realmente suas emoções parecem indiferentes: “Não quero estar à mercê das minhas emoções. Quero usá-las, aproveitá-las e dominá-las.”.
Em uma visita à casa de Dorian Gray, Basil Hallward pede para ver a pintura, que não estava à mostra aos convidados, com a intenção de expô-la em uma convenção de arte. Ambos os pedidos são negados por Dorian por querer esconder o segredo do retrato e a sua fisionomia de todo o mundo, inclusive do próprio pintor da obra.
Dorian, após sentir a necessidade real que seu segredo fosse escondido de tudo e de todos, pede para mudarem a pintura, envolvida por um pano, para uma sala escondida em sua mansão onde seria esquecida.
Um livro, “The St. James” apresentado por Lorde Henry muda ainda mais a perspectiva de Dorian sobre a vida, sua curiosidade e a sua corrupção.
Dorian viveu anos a fio conhecendo novas culturas e segmentos da vida antes inexplorados por ele, tanto do ponto de vista da vivência quanto do ponto de vista de que a priori não tinha capacidade psicológica para passar por tais fatos; fora subvertido.
Após muitos anos, Basil vai ao encontro de Dorian Gray em sua casa, Basil quer saber se as histórias de Dorian como “mau, corrupto e vergonhoso” são realmente verdades. Após as insistências de Basil, Dorian finalmente o leva para ver a pintura do quarto escondido de sua casa. Basil finalmente vê o retrato de Dorian e fica pasmo ao ver tamanho ar de desprezo, asco e repugnância no rosto da pintura, sente algo, como se toda a maldade do mundo ecoasse em sua fisionomia, embora seu rosto carnal continuasse jovem e belo.
Dorian culpa Basil por ter acabado com sua vida, por separar sua alma de seu corpo e, então, em um golpe de fúria arma-se com uma faca e o assassina com três golpes, deixando-o sentado em uma cadeira no andar solitário junto ao quadro, assim vira-se e vai embora do andar com quaisquer indiferenças sobre o ocorrido.
No dia seguinte, Dorian contata o amigo, Alan Campbell, um cientista, com o intuito de assim exterminar o corpo de Basil Hallward e as provas do crime com a ajuda de ácido nítrico, após um conjunto de insistência e chantagem a proposta é aceita por Campbell que faz o trabalho, mesmo horrorizado com tal feito, posteriormente isso o leva a cometer suicídio.
Pensativo e com algum sintoma de peso na consciência, Dorian resolve procurar um antro de ópio para poder passar um tempo sozinho e espairecer: “Queria fugir de si mesmo”, então vai para o cais e assim entra em um bar.
No bar, Dorian é acompanhado por duas mulheres velhas e um marinheiro, e é reconhecido por seu antigo apelido: Príncipe Encantado. O tal marinheiro era irmão de Sibyl Vane, James Vane, que queria cumprir sua palavra de acabar com a vida de quem fizesse mal a sua irmã – o que Dorian fez. James parte à caça de Dorian Gray, que só é interrompida quando percebe que corria atrás de um homem que tinha uma beleza jovial no rosto, um moço de aproximadamente 19 anos de idade, fato que não condizia com a idade que Dorian teria àquela altura, Sibyl havia morrido há anos atrás.
Após o acontecido, Dorian fica com medo de que possa ser morto a qualquer instante pelo jovem marinheiro, começa a ficar paranoico ao lembrar-se de Sibyl e todos os acontecimentos corrompidos de seu passado; tal sentimento é reforçado após a morte de James Vane com um tiro perdido em uma tentativa de acabar com a vida de Dorian que se traumatiza ferozmente com o acontecido, reflete que a corrupção e a morte o perseguiam.
Em uma noite Dorian tem um momento de reflexão sobre todo o caos que ele e suas atitudes causaram, então resolve “assassinar sua alma”; Dorian manuseia a mesma faca com que assassinou Basil Hallward e então golpeia o quadro. São ouvidos gritos e estrondos vindos do quarto.
Após entrarem no quarto para ver o que acontecera, encontraram pendurado na parede um retrato esplêndido de Dorian como era originalmente desde a pintura de Basil – jovial e belo – e, no chão, viram um homem de aparência repugnante, enrugado, usando um traje de gala. O corpo foi reconhecido apenas por conta de seus anéis: ali jazia o verdadeiro e decrépito Dorian Gray.