15 de setembro de 2017

Ainda fazemos o que fazemos, mas de forma diferente

Pedro Costa e Luccas M. Scarponi


A rotina cotidiana, a correria, a falta de tempo... Afinal, qual o propósito de tudo isso? No final da minha vida, terei uma vida que de fato terá “valido a pena”?

Nossa geração, formada por jovens, tem se indagado cada vez mais sobre o motivo pelo qual se faz – ou não se faz - algo. Diferentemente de seus pais, o simples acúmulo de riqueza já não mais os satisfazem.

Os jovens de hoje, mais do que nunca, têm buscado um propósito maior, um reconhecimento e um sentimento de pertencer ao seu ambiente, inclusive abdicando de grandes oportunidades na carreira, visando manter seus anseios intactos.

No mercado de trabalho, a nova geração é dinâmica, criativa e sonhadora. Por outro lado, tem dificuldade em receber ordens, principalmente quando se trata de tarefas indesejadas. O sonho de "fazer apenas o que gosto" acaba sendo um fator desestimulante quando se deparam com as obrigações do cotidiano.

Se a vida, ao final, terá “valido a pena” ou não, só saberemos quando chegarmos no final da jornada. O fato é que a juventude veio para quebrar paradigmas, redefinir o conceito do mercado de trabalho e o caminho que percorreremos a fim de alcançarmos a plena realização pessoal.

Odin

Ilan Yukio

Conhecimento foi tudo o que busquei,
Respondendo simples perguntas das quais não sei.
A curiosidade sempre me moveu,
Eram tantas dúvidas, que acabei me encontrando em um breu!

Odin cedeu um olho por conhecimento...
Eu daria muito mais para obtê-lo.
Ciente deste discernimento,
Sempre almejei conhecê-lo.

Então foi aí que eu percebi que precisava de força,
Fiz então como Odin e me matei numa forca.
Deter o conhecimento fez de mim o que sou
E mesmo assim, ninguém contemplou.

Agora passo por eles calado, sabendo o que ninguém irá saber.
Adquiri por conta própria o que ninguém ousou ter.
Mas no fim, qual foi a lição moral?
Talvez eu tenha me transformado em algum “eu” e não uma construção social.

Soberania Popular

André Souza Di Matteo

A democracia nos seus primórdios, na Grécia, tinha como ponto principal as reuniões para debate de assuntos determinantes para os rumos da sociedade. A Soberania Popular é um fator novo para o brasileiro, que conviveu durante mais de 20 anos com os abusos da Ditadura Militar. A criação de métodos para inserir os cidadãos de forma contundente, neste formato político, é imprescindível. O voto já não satisfaz as demandas populares, principalmente com o alto índice de atos ilícitos cometidos pelos nossos governantes. Afinal, como inserir o povo na política?

Com a crescente tecnológica, a criação de plebiscitos é essencial para a participação popular, tendo como tema assuntos distintos, por exemplo: políticos, judiciais, econômicos, morais (legalização do aborto, aprovação do porte de armas, reconhecimento do casamento homossexual etc.). Ou seja, temas efervescentes entre os cidadãos.

Essas permanentes votações teriam efeito no longo prazo, pois através do debate, soluções para os problemas seriam identificadas. O aumento da autonomia dos estados e dos municípios é outra medida essencial, partindo do pressuposto que o cidadão tem maior conhecimento do que acontece em sua comunidade, tendo conhecimento do que precisa ser aperfeiçoado.


O Planalto tenta organizar uma reforma política, mas, sem a participação popular, se torna contraditório. Neste momento de crise política, fazer “vista grossa” para a nação não é o caminho a ser seguido. Portanto, fica evidente a importância da participação da população no contexto político nacional. “É o Governo do povo, para o povo, pelo povo”, preceito elaborado na Grécia Antiga que define o que vem a ser um governo democrático, lema este que se faz necessário na situação brasileira, podendo ser a chave para a falta de credibilidade dos parlamentares.

Alienação? Tô fora...

Leonardo Melo

No livro Por que fazemos o que fazemos?, de autoria do filósofo e escritor Mario Sérgio Cortella, o autor nos indaga sobre nossos propósitos e objetivos, isto é: o que fazemos em nossas vidas tem, em si, algo adiante? Caso a resposta seja “não”, é o momento para começar a se preocupar e entender porque a monotonia e a rotina podem nos tornar infelizes.

No segundo capítulo, denominado Eu robô? Não, Cortella comenta sobre diferenças de sentimentos que podem ser normais ou antinaturais. De semana a semana é comum na vida adulta, estudantil ou de atarefados que a rotina seja naturalmente imposta em nossas vidas, pois ela determina quem você é. O problema não está na repetição, mesmo que seja exaustiva, pois um descanso resolveria e você estaria ali para recomeçar no dia seguinte. O fator determinante do problema não é no “caminho” ou nas “pedras” que fundamentam sua jornada, e sim, como você encara o problema.

Se ao acordar, você se sente cansado, saiba que é comum, pois você tem em mente que esse esforço é necessário para que alcance o objetivo, e no fim, poderá então disfrutar dessa dedicação. Porém, se ao acordar, você não encontra o motivo de fazer determinada atividade – mas o faz por ser necessário – e não encontra seu disfruto futuro – a finalidade do feito –, está então na hora de estabelecer metas.

Para Cortella, desempenhar uma tarefa por necessidade, apesar de frustrante, não é um ponto crucial para aqueles que não tenham objetivos, pois para qualquer busca ou meta, é necessário o esforço; a abdicação de algo; os momentos difíceis e longos. Não existem atalhos, por exemplo: sonhar ser um pintor. É fácil imaginar-se renomado, genial, recebendo lindas mensagens e orgulhar-se de sua imagem. Difícil é entender que, para ser um grande pintor, há uma história, e que no meio dessa história, momentos frustrantes ocorrerão, como: galerias não sendo vendidas; momentos de escassez de ideias; críticas.


O fator crucial então, no meu ponto de vista, diante dos conceitos e comparações feitas por Cortella, é que, imaginar que tudo será fácil, ou viver como um robô – sem saber onde chegar –, é o que te faz sentir frustrações constantes. Estabelecer metas é fundamental, pois o caminho é o mais importante. Ninguém vive de seus sonhos. Vivemos de desafios.