Filho de Durval Henrique Caymmi,
descendente de italiano e Aurelina Soares Caymmi, descendente de portugueses e
africanos, Dorival Caymmi nascera em 30 de abril de 1914, em Salvador, na Bahia.
Caymmi cresceu em meio à música: seu pai era violinista, pianista e
bandolinista. E desde pequeno Dorival Caymmi cantava no coro da igreja.
Conhecido por cantar e exaltar as
tradições e histórias da Bahia, o cantor é considerado um dos mais aclamados
compositores da Música Popular Brasileira. Carreira da qual começara cedo: dos
13 aos 16 anos, Caymmi aprendera, sem a ajuda de seu pai ou de qualquer outro,
a tocar violão. A partir dai passa a compor suas primeiras músicas, para
destaque a toada “No Sertão”. Anos depois, Caymmi estreara na Rádio Clube da
Bahia, onde cantava e tocava violão. E, aos 21 anos, o compositor conquistara
seu primeiro programa, conhecido como “Caymmi e suas Canções Praieiras”.
Dorival Caymmi |
Dorival Caymmi buscava por desafios,
não se contentara com o que tinha. Partindo, então, em 1937 para o Rio de
Janeiro, onde iria realizar um curso preparatório de Direito, para conseguir
uma vaga como jornalista. Ainda assim, Caymmi continuara a compor e a cantar,
passando a se apresentar em 1938 como calouro na Rádio TUPI.
Uma das canções mais conhecidas por
descrever toda a beleza da Bahia, “O que é que a baiana tem”, levara o cantor
ao auge de sua carreira, nacional e internacional, uma vez que a música fora
tema do filme “Banana da Terra” e a responsável por consagrar
internacionalmente a cantora Carmem Miranda. Afinal, quem pelo mundo a fora
nunca presenciou a imagem de uma bela mulher portuguesa carregando na cabeça um
arranjo de frutas?
Dorival Caymmi e Carmem Miranda |
E com essa música, Dorival consagrou a
sua fama. Não deixando de celebrar as belezas de sua Bahia, em setembro de
1939, Caymmi passou a compor sobre o mar, entre elas “Rainha do Mar”,
“Promessas de Pescador” e “O Mar”.
Para ele faltara apenas uma
companheira, que apareceu quando Caymmi passou a trabalhar na Rádio Nacional do
Rio de Janeiro. Stella Maris fora esta mulher, com quem o compositor casara e
tivera três filhos: Danilo, Dori e Nana. Todos seguiram os passos dos pais, e se
tornaram músicos.
O cantor decide a partir dos anos 40,
se dedicar ao estilo de música samba-canção. Fase da qual originou a música
“Marina”, em 1947 e lhe trouxe um grande amigo também conhecido por escrever
romances e descrever as belezas e casos da Bahia, Jorge Amado.
Algumas das
obras do escritor, levou a composição de músicas como “É doce morrer no mar”,
“Modinha para Gabriela” e “Retirantes”.
Nos anos 50, surgira um outro cantor
baiano na vida de Caymmi, João Gilberto, que fora o responsável por gravar e
levar a composição de Dorival para a Bossa-Nova, com as músicas “Rosa Morena” e
“Saudade da Bahia”. João Gilberto não fora apenas o propagador do
reconhecimento de sua música pelo mundo da Bossa-Nova, pois fora, também, o
responsável pela amizade que surgira entre Dorival Caymmi e Tom Jobim.
Dorival Caymmi e seu querido amigo, Tom Jobim |
O compositor morrera aos 94 anos de
insuficiência renal e falência múltipla dos órgãos, deixando cerca de 120
canções, distribuídas em 20 discos. Número do qual é considerado baixo para os
dias atuais. Porém, para Caetano Veloso, uma coisa é certa: “É verdade que
Caymmi compôs pouco mais de 100 músicas, mas todas são obras-primas. Quem é o
compositor que pode se dar a esse luxo? Eu queira ser um preguiçoso assim”.
Sendo consideradas suas canções como obras-primas, Dorival conquistara diversos
prêmios mundo a fora.
As homenagens e reconhecimento por suas
“obras-primas” continuam no ano de seu centenário. Entre elas está à gravação
do disco “Dorival Caymmi - Centenário”, da qual reuniu os clássicos de
Caymmi, nas vozes de seus três filhos, Nana, Dori e Danilo, com a presença de
Chico Buarque, Caetano Veloso e Gilberto Gil.
Juliana Zocatelli