31 de março de 2017

Ausência do relacionamento interpessoal em virtude da tecnologia

Samuel Czusz


A tecnologia pode ser considerada parte da vida de um ser humano, isso é apresentado em diversos âmbitos, seja no trabalho, em momentos de lazer ou até mesmo entre o exercício de sua função e o tempo livre. Devido aos avanços tecnológicos, que têm o caráter de inovação, o ser humano nos dias atuais vive em um contexto onde a internet permeia e os celulares agora passam a fazer parte da vida de muitos. A revista VEJA mostra que em 2020, aproximadamente 5,7 bilhões de pessoas terão um telefone celular com acesso à internet. Sendo assim, o relacionamento virtual das pessoas será maior e, consequentemente, fora da internet reduzirá.
Partindo desse princípio, pode-se compreender que a internet sendo utilizada da maneira correta foi a melhor invenção já criada dentro da tecnologia, uma vez que tem o caráter de integração, comunicação e desenvolvimento de atividades à longa distância. Contudo existe o lado contrário, pessoas que dependem da utilização deste artefato acabam perdendo a aptidão para outros; tais como o relacionamento interpessoal que passa a ser menor. 
A alienação do usuário é excessiva a tal ponto que o mesmo passar a alimentar seu próprio ego com aquilo que está em uma rede social ao invés de se importar com as pessoas ao seu redor. Outro exemplo se dá quando o indivíduo não consegue se desligar do seu aparelho nem quando o mesmo não tem acesso à internet. A dependência nestas circunstâncias rompe o ideal da internet que seria o da interação entre pessoas, isso culmina em um vício que pode ser tão nocivo quanto o de um entorpecente como o tabaco e o álcool.
Em uma cultura que defende a superficialidade e a generalidade de tudo, as interações afetivas também se tornam momentâneas e passageiras, substituindo as conexões mais profundas e estreitas. Nessa roda viva as pessoas acabam rebaixando o amor próprio e, inseguras, se escondem cada vez mais nos bastidores virtuais, longe do enfrentamento concreto que a vida demanda.

24 de março de 2017

O canvas da vida e o pseudo-racional

Bruno Figueiredo


Diziam-na carente
Garota inocente

Bela
Talvez clemente

Olhar imaturo
Ambos no muro

Medo do risco
À vida do oculto

Por dias belos
Houve acanhada a flor

Mas fora falha
Antes mesmo de fervor

Peregrino não hei de ser
Talvez o revés fora este a me amover

Tomada a razão sobreposta à emoção
Mesmo transitória sendo a decisão

A vida minha ainda flui solitária
Mas vês tu como destinatária

Que fugaz seja
Apenas esta primeira vista

Pois a definitiva presa em
Eu estar contigo

E ti em ser da minha vida
A artista

21 de março de 2017

Vida

Bruno Carnevalli

Por ti declaro meu amor,
Que chegou e não notificou,
Sorriso que vi e me perdi,
Olhar que encarei e na perfeição esbarrei,
Abraço que para sempre queria estar sem as horas ver passar;

Amar é ficar sem pensar,
Querer sem querer,
Superar a ansiedade de querer te encontrar,
Na sinceridade de seu olhar descansar,
Besteiras falar sem ao menos se importar,
Chorar pelo outro se importar e aclamar pelo sossego do seu estar.

Amar não é só sorrir,
Também é se ofender sem saber,
Chorar por querer ficar,
Sofrer e se calar, só para o parceiro agradar,
Plantar para às vezes não florir e mesmo assim não se ferir;

Amar também é chorar,
Brigas encarar,
Ofensas aguentar,
Sem perceber brigas gerar,
Com a saudade ter que aprender a lutar,
Com os ciúmes lidar,
Se amar fosse perfeito, pelo seu nome iria chamar;

Amo-te como amo a vida,
A parte mais bela do meu ser,
No meu coração você se faz viver,
De todo nosso amor faz engrandecer,
Para muitos dizerem o que cansamos de saber,
Saber que contigo quero viver rumo à eternidade,
Lutar perante a sociedade,
Para nosso filho vermos crescer,
Juntos, “eu e você” deixara de existir e por “nós” passamos a nos referir.

20 de março de 2017

Contos da quebrada

Illan Yukio


Vivendo em periferia o jovem encontra a dificuldade de descobrir seu caminho em meio a tanta confusão, crescendo sem medo, se viu no crime para poder se sustentar e todo dia ele pedia perdão para sua mãe:
-Desculpa mãe por te fazer chorar, sei que a senhora tentou me avisar que vida bandida não iria compensar, tanto lutou para doutor eu me formar, mas foi a ganância que me impediu de escutar... Será na escola do crime que irei me formar.
O garoto sai em busca de mais um de seus esquemas, se junta com o bando no baile de sexta-feira, ostentando seus malotes de dinheiro de procedência dúbia.
Ele sabe que é um poder que vicia, que é difícil contê-lo. Sempre indo atrás de mais e desafiando o sistema pois desde pequeno era problema, crescendo sem medo de algema, fazendo do dinheiro parte do seu dilema:
“Inimigos vão brotar, de olho no meu lugar” – pensou enquanto fugia dos oficiais da lei. Porém ocorreu o cerco, sem pensar ele aponta sua arma para um civil e o coloca como refém. Não demora para os repórteres chegarem no local e acompanharem de perto seu último suspiro.
-Avisa pra eles que meu “bonde” não vai recuar. Se quiserem minha cabeça podem vir buscar!!!

Aonde ele chegou não conseguiu parar, no entanto seu jogo era bruto e em uma travessa sua sorte se pôs a provar. Essa frase foi noticiada na mídia local e sua mãe com a mão no peito via a cena das viaturas cercando seu filho no noticiário da tarde. Seu destino não foi bom como sua vida e no fim das contas o povo observava sua mãe chorando pela alma do filho no local onde foi baleado.

RESPIRE

Mateus Freitas da Silva 


...Abra os olhos, é um novo dia, porém com uma rotina velha. O trem está cheio, o ônibus está quebrado, as estradas estão travadas e você está só. Um som interfere em sua música, mas parece não te incomodar, afinal, você já está acostumado ao mundo ignorar. Ligar a rádio não lhe parece uma má ideia, mas será que o conteúdo transmitido será novamente sobre a miséria? Pois bem, você devora a sua barra de cereal, dó de você que nem tempo para se alimentar direito tem. Mas de acordo com a rádio, fique feliz, pelo menos uma barra de cereal você tem. 
   O céu está cinza, os prédios são cinza, o chão é cinza, será que você se tornará cinza também? Ou se destacará  desse quadro cinza como uma árvore com belas flores amarelas? Não importa. Café quente na mão, sentado no corrimão, esperando o busão, hoje realmente não está no padrão. Mas quem se importa com você? Desde que não chegue atrasado não haverás problemas, mas você já está passando por um problemão. Já se passaram 50 minutos, falta falar com os amigos virtualmente, pois ninguém tem tempo para se encontrar como antigamente. Oi, Como vai? Estou bem. A conversa termina e seus olhos se voltam para o mundo, aliás, que “belo” mundo.     
   Alguém estica o braço para te pedir uma moeda, mas simplesmente o ignora, você tem problemas demais para se preocupar com os dele. Você segue em frente, vira à direita, depois à esquerda, direita, esquerda, aliás, você é de Direita ou de Esquerda? Não importa. Continue caminhando, continue, continue, é preciso continuar. Faltam apenas 600 metros para o seu destino chegar. 
   Fones nos ouvidos e chaves na mão, bolsa nas costas pesando um montão. O suor desce pelo o seu rosto parecendo lágrimas. Lágrimas de cansaço, dor e calor. Se aproximando dos 200 metros você se depara com um cruzamento, mas está com pressa e não pode parar, não pode parar, não pode parar, pensa. Verde, amarelo, vermelho, você pensa em correr antes do verde aparecer, mas o vermelho pisca te alertando, seus pés querem correr, o farol quer te parar. Corra. Você corre disparadamente, assim como o veículo preto de alto padrão também. Os dois se chocam e a música nos seus ouvidos acaba. Então respire e...

10 de março de 2017

Ascensão à barbárie

Bruno Carnevalli

        Nos dias de hoje, a violência vem alcançando patamares assustadores e ganhando cada vez mais espaço nos noticiários, desde pequenas cidades até em grandes metrópoles como São Paulo. Mas será que a justiça com as próprias mãos seria a maneira correta para ampararmos? Segundo pesquisas, ocorrem quatro linchamentos – ou tentativas de – por dia no Brasil; cerca de um milhão de brasileiros participaram de atos desse tipo nos últimos 60 anos. Somos um dos países onde mais acontecem linchamentos no mundo.
É até compreensível que a população reaja das mais diversas formas na tentativa de se proteger. Entretanto, linchamento é a maneira mais errada de se fazer justiça, é a volta à “Barbárie”. Embora o estado possua algumas falhas, é seu dever julgar e autuar os culpados; se queremos tal justiça, devemos lutar pelas melhorias no sistema. Linchamento é uma decisão precipitada e, quando feito isso, independentemente da razão, nos tornamos criminosos também.
        Fabiane Maria de Jesus é a maior prova de que estamos regredindo de maneira lastimável. É inadmissível a situação à qual ela foi submetida: com 33 anos e 2 filhos para “criar”, foi linchada por centenas de pessoas no subúrbio de uma cidade litorânea após ser confundida com uma criminosa, pelo fato de ter oferecido uma fruta a uma criança. Isso desencadeou um processo de fúria em redes sociais, na qual internautas confundiram Fabiane com uma suposta sequestradora que estaria utilizando crianças para realizar rituais de magia negra.
        Concluímos que, com a justiça com as próprias mãos, estamos ascendendo à Barbárie, pessoas inocentes tornando-se criminosos por terem tomado más decisões. Não devemos tomar o lugar das autoridades e, mesmo que o Estado seja falho, devemos agir em conjunto para que com isso possamos corrigir erros. É indispensável que a população fiscalize e reivindique dos governantes melhorias na área da segurança pública e no sistema judiciário. Acrescem às medidas a necessidade de os usuários das redes sociais certificarem as informações que são compartilhadas, evitando assim os linchamentos. É inadmissível que a sociedade retroceda e considere como normais as barbáries que são cometidas por aqueles que procuram agir conforme as suas próprias leis.