12 de novembro de 2018

A ponte da dislexia

Eduardo Jorge Lucresia dos Santos

Da dislexia, já sabemos – ou deveríamos saber – que é um transtorno de aprendizagem causado por uma disfunção neurobiológica, ou seja, de responsabilidade dos circuitos cerebrais e conexões neuronais não suficientemente estruturados, os quais causam dificuldade de identificar visualmente a forma, reconhecer e acessar os sons das letras para obter sucesso na formação de palavras, limitando o desenvolvimento da fala e da linguagem.
Após fundamentado o conceito de dislexia, notamos que as principais características de pessoas com essa disfuncionalidade é a dificuldade no entendimento, memorização, interpretação e raciocínio de conteúdos veiculados pela leitura e escrita.
Dislexia pode ser considerada uma deficiência? Toda perda ou anormalidade de uma estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica que gera incapacidade para o desempenho de atividade, dentro do padrão considerado normal para o ser humano pode ser classificada como deficiência como é mencionado no Decreto nº 3.298, de 20 de dezembro de 1999, que regulamenta a Lei no 7.853, de 24 de outubro de 1989.
Avançando a discussão para o âmbito corporativo, podemos notar que as características antes citadas como principais dificuldades de um disléxico são também as principais características observadas e avaliadas em processos seletivos, seja para uma CLT ou estagiário. E aqui chegamos no ápice do nosso tema. Deste modo, como essas pessoas serão introduzidas a esse mundo com suas dificuldades? Uma das maneiras mais clássicas e mais utilizadas para avaliação de um candidato é a elaboração de redações que pode ser encontrada tanto em meios corporativos e/ou universitários, e está talvez seja o pior pesadelo de um disléxico, uma vez que seus erros de português e concordância são evidenciados ao extremo em um momento de tenção e decisão.
Em minha vida, tenho a “oportunidade” de acompanhar de perto o mundo das dificuldades e traumas de um disléxico, onde com 22 anos não consegue nenhum tipo de emprego, justamente pelo método empregado nos processos seletivos que já participou. Testes de linguagens, matemática, raciocínio lógico e a própria redação. Para o disléxico, não há nada pior do que uma folha em branco avaliativa.
Vivemos em um mundo onde a tecnologia é uma das plataformas mais avançadas de otimização de resultados, e a melhor maneira de ajudar disléxicos na introdução ao mercado de trabalho é a diferenciação no método de avaliação, seja por meio da própria tecnologia, no qual o candidato tem a oportunidade de sair da tradicional caneta e papel, ou ainda de maneira conservadora, com aplicação de testes orais onde o disléxico tem a clareza de pensamentos x ações. O corpo entende as dificuldades e acaba compensando os sentidos afetados, diferenciando e aguçando outros.

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