Eduardo
Jorge Lucresia dos Santos
Da
dislexia, já sabemos – ou deveríamos saber – que é um transtorno de
aprendizagem causado por uma disfunção neurobiológica, ou seja, de
responsabilidade dos circuitos cerebrais e conexões neuronais não
suficientemente estruturados, os quais causam dificuldade de identificar
visualmente a forma, reconhecer e acessar os sons das letras para obter sucesso
na formação de palavras, limitando o desenvolvimento da fala e da linguagem.
Após fundamentado o
conceito de dislexia, notamos que as principais características de pessoas com
essa disfuncionalidade é a dificuldade no entendimento, memorização,
interpretação e raciocínio de conteúdos veiculados pela leitura e escrita.
Dislexia
pode ser considerada uma deficiência? Toda perda ou anormalidade de uma
estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica que gera incapacidade
para o desempenho de atividade, dentro do padrão considerado normal para o ser
humano pode ser classificada como deficiência como é mencionado no Decreto nº
3.298, de 20 de dezembro de 1999, que regulamenta a Lei no 7.853, de 24 de
outubro de 1989.
Avançando a discussão para
o âmbito corporativo, podemos notar que as características antes citadas como
principais dificuldades de um disléxico são também as principais
características observadas e avaliadas em processos seletivos, seja para uma
CLT ou estagiário. E aqui chegamos no ápice do nosso tema. Deste modo, como
essas pessoas serão introduzidas a esse mundo com suas dificuldades? Uma das
maneiras mais clássicas e mais utilizadas para avaliação de um candidato é a
elaboração de redações que pode ser encontrada tanto em meios corporativos e/ou
universitários, e está talvez seja o pior pesadelo de um disléxico, uma vez que
seus erros de português e concordância são evidenciados ao extremo em um
momento de tenção e decisão.
Em minha vida, tenho a
“oportunidade” de acompanhar de perto o mundo das dificuldades e traumas de um
disléxico, onde com 22 anos não consegue nenhum tipo de emprego, justamente
pelo método empregado nos processos seletivos que já participou. Testes de
linguagens, matemática, raciocínio lógico e a própria redação. Para o
disléxico, não há nada pior do que uma folha em branco avaliativa.
Vivemos em um mundo onde a
tecnologia é uma das plataformas mais avançadas de otimização de resultados, e
a melhor maneira de ajudar disléxicos na introdução ao mercado de trabalho é a
diferenciação no método de avaliação, seja por meio da própria tecnologia, no
qual o candidato tem a oportunidade de sair da tradicional caneta e papel, ou
ainda de maneira conservadora, com aplicação de testes orais onde o disléxico
tem a clareza de pensamentos x ações. O corpo entende as dificuldades e acaba
compensando os sentidos afetados, diferenciando e aguçando outros.
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