Às
vezes pergunto-me o que realmente significa destino. Vejo todas as coisas
incríveis que ocorrem diariamente: o fato de que, sempre que atravesso uma rua,
o farol fecha-se exatamente no momento em que piso na calçada, terminando a
travessia. Ou então, o horóscopo exibido nas TVs do metrô, que me fazem rir
diante da precisão de suas previsões gratuitas. Como explicar pequenos
acontecimentos que tomam cursos tão coincidentes?
Às
vezes pergunto-me se realmente existe destino. Penso se as coisas incríveis
deveriam mesmo acontecer. Talvez algum dia, quem sabe, a travessia pontual
torne-se um horrível acidente de trânsito. O tão curioso horóscopo poderia
fazer afirmações irrelevantes para mim. Pequenos acontecimentos permaneceriam
pequenos, sem nosso gratuito engrandecimento.
Seria
o destino uma tradição em atribuir certa solenidade aos eventos mais ínfimos?
Como se a vida fosse uma novela que demanda emoção em todas as suas cenas? Ou a
tentativa humana de despejar os pesares colhidos em sua horta de desilusão nas plantações
alheias? Uma criação para impedir-nos de criar bodes expiatórios entre nós,
atirando a culpa para o intangível?
Verdade
ou mentira, faz diferença? Certa vez disseram-me: “cada um vê o que quer”. Não
acredito nisto. Vemos o mesmo, apenas interpretamos à nossa conveniência. Temos
o poder de atribuir sentido ao que presenciamos; o sentido vem de dentro, não
de fora. Nossa mente faz relações estranhas e, então, passamos a ver padrões na
aleatoriedade.
Afinal,
descubro a condição da existência do destino: ser racional, mas não o
suficiente.
Jeferson de Almeida
Administração SP
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