Catarina Guerra Sobreira
A quarta revolução industrial – a
revolução tecnológica - que teve seus primeiros termos cunhados na Alemanha em
2015, trouxe diversas alterações na sociedade, sendo uma delas a forma como as
pessoas se comunicam.
A tecnologia transformou tudo e é
tão rápida que dados do IBGE apontam que 14% da população brasileira
simplesmente não acompanham essas novidades. O salto de evolução em esfera
global é tão intenso que se há por um lado pessoas que não compreendem como a
internet funciona, por outro, há grandes indústrias midiáticas que, sabendo o
que é possível fazer na rede, enriquecem e viram referência neste mercado.
Steve Jobs e Mark Zuckerberg são dois empresários que cresceram neste mercado.
Estar conectado hoje é questão de
status e as mulheres são as que mais utilizam as redes sociais no celular,
segundo uma pesquisa publicada pelo IBGE deste ano. O estudo ainda aponta que
63,3% dos brasileiros têm acesso à internet, um número que aumenta a cada ano,
deste 2015, quando a primeira pesquisa foi divulgada.
É visível o passo de crescimento
e evolução social que houve após o advento da internet, entretanto, é
necessário que as pessoas entendam o que significa estarem conectadas às redes
sociais e de que forma os dados que são lançados nessas redes, através de fotos
e curtidas, são usados pela indústria tecnológica.
Em uma reportagem no jornal El
País, dados revelam que as redes que usamos para se relacionar, utilizam nossas
informações pessoais, assim como nossa interação através dos comentários e com
as páginas que seguimos. Esse tipo de ferramenta que analisa esses dados é
usado hoje por diversas empresas para o mais variado fim. Em uma das
apresentações que o Zuckerberg fez, ele mostra como funciona essa ferramenta e
como ela faz para fazer aparecer propagandas e páginas relacionadas com as
coisas que postamos nesta rede.
A grande problemática nessa forma
de indução de assuntos é que cada vez menos as pessoas têm a oportunidade de
relacionarem-se com seus diferentes, e quando isso acontece, provoca um grande choque.
Quanto mais interagimos, mais a rede se altera para se modelar ao que ela
considera nosso gosto. De uma forma bastante habitual, existem empresas que
hoje se utilizam desses dados para manipulação das grandes massas, como é o
caso da Cambridge Analytica, uma empresa britânica que tem feito análises para
empresas, governos e pessoas para imputar informações nas redes a fim de
influenciar algumas tomadas de decisão de quem tem conta em alguma rede, como
exposto no jornal Folha de São Paulo, já há provas substanciais de que o Brexit
possa ter sido um referendo que teve seu resultado manipulado por informações
que a Cambridge lançou.
Este não é o único caso, já que a
eleição presidencial no Brasil acaba de ter eleito um candidato que usou da
mesma tática de manipulação de dados durante sua campanha, inclusive,
contratando a mesma empresa. Hoje, após as eleições terem acabado, há partidos que entraram com ação no STF e STJ para investigar se essa manipulação de dados pode ser considerada arbitrária.
O fato é que após os dados de um
usuário estarem na rede, esses dados são vendidos e então qualquer empresa pode
ter acesso. Além das pessoas não acompanharem os avanços tecnológicos, aqui no
Brasil, também não há nenhum órgão que efetivamente cuide para que não haja
abuso por parte das empresas.
Dado isto, é ideal que se tenha
um reforço em forma de leis que possa acompanhar esses avanços e criar
políticas de uso, além de investimento na educação tecnológica para que a
população saiba o que acontece quando lançamos determinados dados nas redes e o
que fazer quando houver algum indício de manipulação.
O que nos cabe é garantir que
essa interação com a tecnologia possa ser feita de uma forma a preservar o
livre pensamento e nossa livre escolha, sem que sejamos manipulados. Para
tanto, é necessário que se cobre cada vez mais dos governantes um olhar para o
mundo digital a fim de essa experiência cibernética ser a melhor possível para
todos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário