10 de setembro de 2018

Manifesto sobre “Respeito familiar”


Rebeca Moreno Caetano 

Venho hoje defender a ideia de que nenhum familiar deve ser respeitado, pois o respeito deixa as pessoas alheias às ideias das outras e ignorante a novos conhecimentos e ensinamentos; além disso, as deixam com traumas infantis causados pelo autoritarismo com o qual os pais se montam e ainda fazem de base para a criação de seus filhos.
Desde a infância somos exigidos a respeitar nossos pais. Cale-se e me respeite. Me respeite, sou mais velho. Me respeite, eu que te sustento. E com esse respeito, desde pequenos temos dúvidas: porquê temos que ficar quietos, e entender o lado dos mais velhos, se, às vezes, nós também temos razão? Como saber se estamos errados? Como saber quando deve-se melhorar e de que maneira? Como saber se expressar sem faltar com o respeito? Quando na verdade o respeito é apenas uma desculpa para os mais velhos serem autoritários, para não precisarem mudar de pensamento, de atitude, de ideia.
Mesmo sabendo que para o responsável é mais fácil impor o respeito do que expor o motivo, ele deve levar em conta de que a criança está sempre com dúvidas sobre as questões da vida, que nenhuma criança sabe o limite das coisas, mesmo que aos poucos ela vai aprendendo isso, e ao não conseguir respostas e ajuda com seus pais, essa criança buscará outra pessoa, outro apoio, outra explicação, que, na maioria das vezes, não é o melhor, e com isso criará sua base de pensamentos a partir de uma ideia equivocada de alguém que pode não ter boas intenções.
Os traumas infantis causados pelo autoritarismo em que os pais tratam seus filhos causam problemas até a vida adulta. Com um pai impondo respeito e não explicando o motivo de seus atos faz com que uma criança torne-se insegura, sempre achando que o que ela pensa é errado, que vai contra os valores de sua família, sem entender-se completamente.
Ao não respeitar o seu pai, sua mãe ou seu responsável, geraremos um mundo com mais entendimento, onde não apenas as crianças e adolescentes devem entender seus pais, mas todos devem tentar colocar-se no lugar do outro, com empatia, para termos relações mais saudáveis com os nossos familiares, pois além deles nos explicarem o motivo de suas atitudes, eles também entenderão o motivo das nossas, logo, evitando traumas e inseguranças que um "cale-se e me respeite" geram por anos.

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